Uma vez, há muito tempo atrás, escutei essa frase de Murilo Gun, e guardei ela pra mim. Pra ser sincera, não me lembro bem o contexto em que ela foi dita, e existe inclusive a possibilidade dessa frase ter sido dita com humor. Mas ela carrega uma verdade poderosa sobre a vida. Somos constantemente chamados a acordar por experiências que, à primeira vista, podem parecer desafios insuportáveis. No entanto, com o tempo, percebemos que cada uma delas tem a medida exata para nos transformar.
A vida nos oferece doses precisas de aprendizado. Nem sempre doces, nem sempre suaves, mas sempre necessárias. As dores que enfrentamos, os medos que desafiamos, são como despertadores da alma – tocam para nos tirar da apatia, para nos lembrar que estamos vivos e que é hora de crescer.
Quantas vezes não pedimos por lições mais leves?
“Por que eu?” “Por que agora?”
Mas a verdade é que o aprendizado “suave” muitas vezes não nos desperta. É nos abalos que encontramos força. É no desconforto que percebemos o que precisa ser ajustado. A profundidade da dor está alinhada à profundidade do sono em que estávamos.
E não se trata de evitar a dor – nem a nossa, nem a de quem amamos. Tentar proteger o outro de suas próprias lições é limitar o crescimento dele. Ao interferir, criamos barreiras que impedem que aquela experiência faça seu trabalho transformador. Muitas vezes, acreditamos que estamos ajudando, mas, na realidade, estamos privando o outro de um aprendizado essencial.
Deixar que a vida siga seu curso, com todas as suas nuances – boas e desafiadoras –, é um ato de confiança. É acreditar que, mesmo quando não compreendemos o porquê, estamos sendo guiados por algo maior.
E, ao final, todas as peças fazem sentido.
Com o final de ano se aproximando, somos convidados a olhar para a vida com gratidão. Gratidão por tudo – pelas alegrias que iluminam o coração e pelas dores que moldam nossa coragem. Não rotule o que viveu como “bom” ou “ruim”. Apenas confie. Agradeça. E lembre-se: o que hoje parece um golpe pode ser o mais valioso presente da vida.
Se permita acordar para sua própria história.
Abrace suas experiências, todas elas, e veja como a luz sempre encontra seu caminho através das frestas das nossas imperfeições.
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